In jornal Publico Imobiliário 30 de Outubro de 2013, pág.3 I

Por Elisabete Soares I

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 Inovação e sustentabilidade na base da reabilitação low cost

É possível construir e reabilitar a baixo custo reaproveitando materiais e utilizando recursos sustentáveis e reciclados. Neste momento já temos ecoprodutos nacionais com certificados internacionais

Aliar a sustentabilidade ambiental à construção e reabilitação dos edifícios é possível de ser feita numa versão low cost, consideram os profissionais ligados à construção sustentável. Contudo é necessário desmistificar alguns conceitos que, fruto da uma utilização exagerada, acabaram por ter uma conotação depreciativa em alguns mercados. “Ser low cost não é ser rápido nem mau. Ser low cost é ser inovador e sustentável”, esclarece Aline Guerreiro Delgado, dinamizadora do Portal da Construção Sustentável, na conferência “Soluções low cost para a construção e reabilitação de edifícios”, realizada no âmbito da Concreta 2013.

Assim, na sua opinião, o conceito low cost deve ser entendido como “um projeto que sintetiza as condições de mercado, respeita o ambiente, reutiliza recursos, incorpora a mais recente tecnologia e resulta numa obra que se espera contribuir para a valorização do meio, sem o agredir e concebido para durar”.

No Portal da Construção Sustentável pode ler-se que a otimização faz-se na rentabilização máxima de todos os investimentos no processo de construir. Neste sentido, a construção de edifícios deverá seguir os princípios da arquitetura sustentável tirando o máximo partido dos recursos naturais e dos recursos existentes para garantir, com a mínima intervenção na paisagem, o máximo de conforto e uma maior durabilidade dos edifícios.

Urgência na reabilitação

Portugal tem pela frente o desafi o de ter que reabilitar grande parte do seu edificado, apesar de existirem ainda muitos milhares de fogos novos desocupados e sem se saber qual o seu destino. De acordo com os números apresentados, cerca de 50% dos edifícios construídos em Portugal estão muito degradado, mais de 30%, precisa de obras de reparação e o restante, menos de 20%, é que se encontra em boas condições. Por isso a urgência de reabilitar, mas bem. “Não podemos considerar que é reabilitação quando apenas se aproveita a fachada”, alerta Aline Delgado.

Na sua opinião as vantagens da reabilitação, como medida de sustentabilidade, passam pela minimização do consumo de recursos, reaproveitando ao máximo e reutilizando todos os materiais que é possível retirar dos edifícios, e que podem ser reaproveitados e, por fim, utilizar recursos renováveis e recicláveis.

A construção e reabilitação, a baixo custo, implicam que o projeto tenha em conta o levantamento das características e a história da região e, ao mesmo tempo, levem à criação de um novo pograma em que as estruturas metálicas substituam o betão armado, e se aposte na melhoria da ventilação e da iluminação natural das casas. Em relação a materiais, a eficiência passa pela instalação de lâmpadas de baixo consumo, materiais naturais de isolamento, caixilharias eficientes e redutores de caudal. Muito importante também é a necessidade de criação de um manual de utilização dos aparelhos e da sua manutenção.

Aline Delgado considera que em Portugal existem empresas nacionais com bons ecoprodutos, algumas mesmo com certificações ambientais internacionais.

Na sua opinião, “a certificação pode ser uma forma rápida e eficiente para decifrar a qualidade ambiental de um produto, desde que seja, de facto, uma certificação acreditada, que avalie uma boa gestão do recurso, desde a fabricação até à utilização, passando pelos processos que as próprias empresas implementam”, alerta.

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